terça-feira, 21 de agosto de 2012

Cap. 01 - Início.


Pluien. Erguida há mais de 200 anos, é considerada uma fonte de riquezas, riquezas estas inteligentemente aproveitadas por duas empresas: Pluien Corporis I e II. Pluien Corporis I é a responsável pelas importações vindas de outras nações, pelas negociações em prol daquilo que entra e beneficia o povo. Decretado o que fica em Pluien ou o que é necessário para seu crescimento econômico, a informação é passada para a Pluien Corporis II, que concretiza o decreto, sendo também a responsável pelas exportações e pelo trabalho bruto. Ambas foram instaladas na capital Tenyr, e desde sempre foram administradas por duas grandes famílias: Girard e Dupont.
A família Girard sempre foi conhecida pela lábia e por métodos não muito ortodoxos de se conseguir as coisas. Felizmente tais métodos só enriqueceram a região. Também era uma família temida. Apesar do porte profissional e das negociações terminarem sempre em sucesso, os Girards gostavam de se divertir ilicitamente. A violência os agradava.
Ao contrário da família Girard, a família Dupont era vista por sua imensa generosidade. Era respeitada por todos, viam os empregados como membros de sua enorme família. Mas muitas vezes os membros se viam desmoralizados por se portarem de tal forma. Era considerada a parte fraca e descartável da união. Ainda sim, o reinado em conjunto perdurou longos anos, com respeito mútuo partindo das famílias. Porém com a última geração de governantes, começou os desentendimentos.
Inveja. A capital era pequena demais para duas grandes empresas. Gilbert Girard, um homem forte, com seus 35 anos nas costas. Casado com Augustinne Girard, uma bela moça na flor de seus 25 anos. Tinham um filho, Kaleb, de apenas 6 anos na época. Possuiam bens, mas não o devido respeito.
Cobiça. Por mais bondoso que fosse Dimitri Dupont, precisava de mais riquezas para deixar em ordem sua amada nação. Homem esguio, 33 anos, casado com Joanna Dupont, uma jovem que acabara de desabrochar – não aparentava passar dos 18 anos – prestes a dar à luz. Tais sentimentos não permitiam a união das duas famílias.
Rivalidade. Falsidade. As duas famílias haviam iniciado uma guerra particular. Era evidente para elas que trabalhar em conjunto estava fora de cogitação. Aquilo estava longe de ser chamada de equipe. Gilbert e Dimitri estavam longe de parecerem sócios. Aquela aliança inquebrável havia rachado. Assim como o governo. Ignorar a situação do povo deu início à primeira crise financeira de Pluien. O povo estava insatisfeito.
No início, a população aguentou calada. Acreditavam que voltariam à prosperidade em breve. Estavam enganados. A guerra particular entre as famílias perdurou. E o povo resolveu tomar uma iniciativa: se as duas empresas não podiam mais ser controladas pelos patriarcas, deveriam ser do povo.
Uma rebelião se formou. A nação antes próspera resumia-se no caos. Os patriarcas das duas famílias só tinham uma única alternativa: fazer as pazes. E provar para o povo que a aliança estava de volta. Mas o povo não mais ouvia. Foi então convocada uma assembleia geral, um aperto de mão público talvez funcionasse. Estavam errados.
Joanna estava em trabalho de parto. Uma das parteiras da família Dupont resolveu ajudar. Dimitri, mesmo cheio de problemas, segurava a mão da esposa. Refugiados na empresa, nem sua mansão era mais segura. Gilbert apareceu.
- O que você faz aqui? – Perguntou Dimitri, num tom cansado, em meio aos gemidos de dor da sua esposa. – Não devia liderar a tropa contra os rebeldes?...
- Dispensei. – Respondeu seco. Parecia prestar atenção no parto.
- Como assim dispensou???? Eu não posso liderá-la, estou com minha esposa, ela precisa de mim! Vai deixar que tomem as empresas tão facilmente? Eu esperava mais de voc-
- Antes de falar tantas besteiras, ouça minha ideia. – o interrompeu, sentando-se na cadeira ao lado da cabiceira – O povo não quer um simples aperto de mão... o povo quer algo maior. Uma união inquebrável.
- Só mais um pouco... respire junto comigo minha senhora. 1, 2, 3... – a parteira sussurrava para Joanna.
- Como assim união inquebrável?? – Dimitri estava nervoso. Enxugava com um lenço a testa de sua esposa, que começava a gritar mais alto.
- Uma união que “só a morte separe”... – ainda olhava a esposa do rival – Prometa sua filha ao meu.
Dimitri parecia confuso. Franziu o cenho, demonstrando toda a sua indignação.
- Prometer? Prometer... como assim? Nem ao menos sabemos o sexo da criança!
- Oremos aos deuses para que seja menina... ainda que seja tarde para isso.
Um choro ecoou no quarto. A criança foi imediatamente envolta de um manto, e entregue a mãe. Joanna sorria, feliz... os dois homens presentes encaravam a parteira e a mãe do bebê, curiosos. Não observaram o sexo à tempo.
- Seu nome será... Satinne. – pronunciou a mãe para a filha.
Alívio. Era o que Gilbert sentia. Estendeu a mão, esperando que o outro retribuísse o gesto num aperto. Dimitri o fez. Mas foi interrompido pela esposa, cansada, que segurava o bebê.
- Com uma condição... eu aceito sua proposta, Sr. Gilbert.
- E qual seria?
- Entregarei minha filha ao seu... apenas depois de seu primeiro sangramento.
Gilbert sorriu, consentido com a cabeça.
- Nada mais justo...
Outra assembleia foi convocada. Dessa vez, Augustinne segurava na mão de seu filho, Kaleb, e Joanna segurava Satinne em seus braços. Os dois homens tomavam a frente. Dimitri, que sempre fora respeitado, iria discursar.
- Há tempos que os desentendimentos pessoais entre nós, donos da Pluien Corporis I e II fizeram com que deixássemos de lado vocês, cidadãos. – Vaia, gritaria. Ninguém parecia se importar. Ele continuou falando. Gilbert estava apenas em pé. – Mas garanto a vocês que esse tempo acabou. Estamos entrando em uma nova era... pretendemos reerguer o que deixamos pra trás! – “Mentira!” “Queremos provas!”, gritavam as pessoas – POR ISSO... para provar que nossa união é verdadeira, gostaria de informar-lhes uma união maior. – As duas mães se aproximavam. - ...a união futura de minha filha Satinne, e do pequeno Kaleb. Não somos mais duas famílias distintas. A partir de hoje... nos tornaremos apenas uma.
O silêncio se instaurou, finalmente. Estavam embasbacados. Os dois líderes, para finalizar, apertaram as mãos. Gilbert tomou partido.
- PLUIEN VOLTARÁ A SER EXEMPLO DE PRODUTIVIDADE! FONTE DE RIQUEZAS! NÃO DEIXAREMOS QUE NENHUMA BESTEIRA INTERFIRA EM MAIS NADA! VAMOS TODOS REERGUER PLUIEN JUNTOS! QUEM ESTÁ CONOSCO???
Os cidadãos gritavam. Mas não eram vaias. “EEHHH!”, “MUITO BEEEM!”. A esperança e confiança haviam retornado à nação. Sem parar de sorrir e ainda apertando a mão do agora sogro de seu filho, aproximou-se dele, sussurrando.
- Acredite... unir meu poder com o respeito que lhe dão foi a melhor ideia que já tive. Melhor sermos parceiros que inimigos... não acha?

...[ 14 anos depois ]...

Sentada na cama dos pais, Satinne esperava a mãe. Seu olhar parecia vago. Seu pai havia saído para observar o desenvolvimento dos transportadores, logo voltaria. Mas ela queria falar primeiro com a mãe. Não demorou para que Joanna chegasse, sorrindo como sempre.
- Fiquei preocupada... mas pelo menos fisicamente, você parece bem. – suspirou, aliviada – Lembre-se da sua promessa... não importa o que aconteça, não estrague seu casamento. – segurou a mão da filha, sentando-se ao seu lado – Por que me chamou assim, tão subitamente?
Satinne apenas escutou a mãe. Seu olhar continuava estranho. Sorriu, de leve.
- Não se preocupe... não estragarei nada, mamãe.
- Eu sei, princesa... e eu me orgulho disso! Isso prova que te criei bem. Agora, qual o motivo da urgência?
Satinne abriu mais o sorriso. Dessa vez, sentiu o coração acelerar. Não conteve as lágrimas, apesar de não emitir nenhum som e permanecer com o semblante de alegria. Sua mãe talvez achasse que era um sorriso de felicidade. Na verdade, qualquer um acharia. Mas a dor no seu peito era impossível disfarçar. Sua alma havia quebrado.
- Estou grávida do Kaleb, mamãe...

domingo, 12 de agosto de 2012

Prólogo

14 anos apenas. Longos cabelos negros e encaracolados, soltos. Olhos verdes, mais pareciam duas esmeraldas. Expressivos. Lábios carnudos, naturalmente vermelhos; pele pálida, aveludada. Bochechas rosadas. Baixa, não chegava nem a um metro e sessenta. Um metro e cinquenta e cinco no máximo. Envolto de seu corpo, um lençol branco. Quase transparente. E ela estava nua por baixo. Sua silhueta ainda era infantil. Seios pequenos, ainda em formação, assim como todo o resto. Já havia menstruado, virado uma “mocinha”. Em poucos instantes, viraria uma mulher. Estava assustada, observando aquele homem.
- Com medo? – Ele perguntou.
- Não, senhor... – a voz da menina parecia fraca, enquanto desviava o olhar.
- Não. Senhor apenas não.
- Não... meu senhor...
O homem a encarava. Não era velho, não passava dos 20 anos. Mas tinha uma aparência intimidadora. Feições fortes, assim como o resto de seu corpo, musculoso. Estava nu, sentado na cama. Analisava-a. Seus olhos eram azuis, cerrados, sendo contrastado pela sobrancelha grossa. Traços finos. Cabelo curto, castanho. Sua pele era levemente morena, bronzeada do sol. Havia cicatrizes no peito e nas costas.
- Tire. – Ordenou, fitando o lençol.
A garota engoliu em seco. Deixou o lençol escorregar pelo corpo lentamente, se mostrando para ele.
- E agora..? – ela perguntou, visivelmente assustada.
- Venha. – Ordenou mais uma vez.
E ela foi. E sem que pudesse fazer quaisquer movimento, ele a pegou, pondo-a de bruços. Lágrimas silenciosas escorriam dos olhos dela. "Finja ser outra pessoa, princesa", aconselhou sua mãe. Era o que ela tentava fazer. Ele analisava aquelas costas brancas, descendo, admirando sua cintura recém-formada, suas nádegas perfeitamente arredondadas. Afastou as pernas dela, posicionando-se entre elas. Levou um dedo até a nudez que se encontrava entre aquelas coxas. Lisinha. Estava conhecendo-a por fora. Até finalmente escutar algo vindo da garota. Um pequeno gemido. Ele sorriu. Gostou. Mas agora, estava na hora de conhecê-la por dentro.
Entrou. Penetrou. Invadiu. Sentiu a virgindade dela indo embora, escorrendo em tom vermelho sobre sua rigidez, e a dor de uma virgem reproduzida em um grito. Voltou a chorar em silêncio. E ele continuou a amá-la. Sem dó.
Ambos foram prometidos um para o outro quando ela ainda estava no ventre de sua mãe. Satinne, o nome dela. Kaleb, o dele. A união dos dois ocorreria para estabelecer a paz entre duas importantes empresas. Duas importantes famílias. Depois que a pequena Satinne sangrasse, seria entregue para seu futuro marido. O fim do relacionamento dos dois significaria o fim de uma irmandade que causaria uma inevitável crise financeira.
Satinne não mais chorava. Apenas encarava o nada... determinada a mudar aquela situação. De alguma forma. Continuava sendo fodida – palavra forte, mas melhor que violentada, afinal, estavam casados. Não era sem consentimento – pelo menos era o que ela era obrigada a crer. Continuava sentindo dor. Esperava que terminasse, apenas. Mas ela não era esse tipo de mulher... e provaria isso.

*****

Não posso negar que a cena inicial de sexo entre Daenerys e Drogo de Game of Thrones me fez querer escrever algo parecido. Não li os livros, não sei como a cena está descrita por lá. É inevitável a influência desse casal de GoT nessa minha história. Mas não, a personalidade do Kaleb não tem nada a ver com a do Drogo. E Satinne não é a mãe dos dragões. 
Com a continuidade, saberão o título dessa minha humilde história - que eventualmente mudarei para ser o título e o endereço do blog - e entenderão melhor o que eu quis mostrar nesse prólogo. Apresentarei melhor os personagens, o lugar em que vivem, a época em que vivem. Estou empolgada. =D Não escrevo há séculos. Queria me conhecer novamente. =D
O blog não terá somente a continuidade do prólogo. Postarei poemas, contos soltos e coisas particulares. Meu estilo mudou muito, não sei se amadureceu. Só sei que estou mais feliz. =D

Enjoy! o/